BÚSSOLA LITERÁRIA: Liberdade Condicional

 

A primeira indicação da Bússola Literária trata-se da obra nacional de ficção histórica “Liberdade Condicional” escrita pelo autor Eduardo Baccarin-Costa (doutorando em Estudos Literários), que trará como pano de fundo um período sombrio da História Brasileira, a Ditatura Militar. 

 

❝Opor-se a uma verticalização imposta e uma educação bancária significa ser arruaceiro. Questionar significava ser comunista. Pensar significava fazer terrorismo❞

   

É o meu segundo contato com o autor Eduardo e minha satisfação não poderia ser diferente, estórias que me tiraram da minha zona de conforto e me colocaram cara-a-cara com os tempos sombrios da ditadura no Brasil. Antes dele eu tinha lido muito pouco a respeito, e suas obras me instigaram a buscar muito mais. 

Desta vez, vamos acompanhar a vida de cinco pessoas, cinco mentes diferentes, mas com ideais semelhantes, a liberdade de ser, de sonhar, de querer um Brasil melhor e mais igualitário.

Neri Reis, Mário Paulo, Débora, Marien e Fabinho tiveram suas vidas transformadas quando fugindo da repressão se encontraram em uma rinha abandonada. Nela, eles passaram por um processo de intenso autoconhecimento. As lições e reflexões advindas do sofrimento resultante do confinamento, racionamento de comida, falta de luz foram duras e valiosas. 

A experiência traumática os aproximou, as intimidades guardadas no peito foram divididas e acolhidas entre eles, os ideais e sonhos partilhados, as amarras sociais sendo discutidas, e aos poucos, seus nós sendo desatados. A convivência diária possibilitou a real e verdadeira amizade, aquela cultivada unicamente e exclusivamente visando o bem do outro. 

Essa obra me fez refletir tanto sobre como os brasileiros passaram tempos sóbrios no passado, quando o simples recitar de um poema poderia resultar em cadeia e tortura, quando uma canção era sinônimo de heresia e jovens reunidos era subversão.  Foi uma época triste e vergonhosa da nossa história, que precisamos ficar vigilantes para que não se repita. 

Liberdade Condicional é muito bem construído, apresentando personagens tão humanos, que você os veria facilmente tomando um café na padaria, tocando um violão entre amigos ou recitando poemas em saraus. 

Enquanto lia, ficava querendo que a obra tivesse mais páginas e que eu pudesse navegar ainda mais na intimidade de cada um, conhecer mais profundamente os cinco sonhadores que dividiam sonhos nos Le Coq. 

O mais legal é que esse é o primeiro volume de uma tetralogia. Então teremos a oportunidade de acompanhar muito mais das aventuras desses amigos tão queridos.

 

- Classificação indicativa: +16 

-  Possíveis gatilhos: Violência, estupro, tortura, uso de drogas lícitas e ilícitas. 

 

Agora me conta aqui, você gosta de livros de ficção histórica? Tem algum para me indicar?


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Adriana Oliveira

Baiana, mãe de pet, pedagoga por formação e servidora pública atuante na área administrativa. Apaixonada por séries, filmes e cultura pop em geral. Enxerga nos livros uma fonte inesgotável de aprendizagem e aventura.

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